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Bloco debateu bem-estar animal

O Bloco de Esquerda promoveu, na passada terça-feira, um debate sobre animais, com o objetivo de convergir forças na luta animalista e avançar a discussão de políticas públicas para fomentar o bem-estar dos animais, alargando a discussão a ativistas e associações, para a construção do seu programa eleitoral. Os temas abordados passaram por políticas municipais para o bem-estar animal, a produção animal e o transporte de animais vivos em viagens de longo curso, o vegetarianismo e veganismo.

Maria Manuel Rola, deputada do Bloco de Esquerda, começou por referir que “os animais não podem ser tratados como coisas” e que a legislação que já os reconhece como seres sencientes “permite a apresentação de propostas que visam a melhoria do bem-estar animal”. No entanto, critica a “resistência de alguns médicos veterinários municipais à introdução de nova legislação”, dando como exemplo o movimento criado contra a proibição de abate para controlo da população nos canis e gatis municipais.

A deputada e dirigente do Bloco defende uma “sociedade amiga dos animais”, em que os direitos dos animais são respeitados. Assumindo que o consumo de carne não acabará repentinamente, defende que “a dignidade dos animais deve ser respeitada nos matadouros” e que “não deveria ser permitida o transporte de animais vivos para o estrangeiro”.

Sobre a tourada, Maria Manuel Rola reconhece que “os interesses de uma elite são protegidos no parlamento”, inviabilizando a aprovação de medidas concretas que não promovam esta atividade “que provoca dor e sofrimento” aos animais utilizados na arena. A deputada defende ainda “o fim dos subsídios públicos à tauromaquia e a proibição de exibição em canal aberto na televisão pública de touradas”.

Liliana Barros, ativista e dirigente da associação Braga Animal Save, defendeu o veganismo como uma solução de alimentação que respeita a natureza. “A alimentação baseada em carne tem consequências ambientais, económicas e sociais elevadas, por exemplo: a produção de animais é responsável por 51% de emissão de gases com efeito de estufa; para produzir 1kg de carne são gastos 15 mil litros de água; o consumo de carne está associado a doenças e até a Organização Mundial de Saúde já classificou as carnes vermelhas como cancerígenas; os alimentos produzidos para alimentação de gado permitiram acabar com a fome no mundo”.

Adriana Remelhe, ativista, reconhece alguns avanços nas políticas públicas, mas considera que é preciso ir mais além, nomeadamente “na redução do IVA na alimentação e nas despesas veterinárias”, bem como na “oferta pública de serviços médicos”.