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25 de Abril, 48 anos depois

Há alguns dias assinalamos os 48 anos da Revolução de Abril. Foram 48 anos de ditadura, este ano ultrapassados por mais anos em democracia. Em 25 de Abril de 1974, Portugal e o povo português revoltaram-se e libertaram-se das amarras tenebrosas do fascismo, junto dos Capitães de Abril. Foi a vitória da liberdade, da democracia e da solidariedade sobre a opressão, a censura e a ditadura.

Enquanto jovem, vejo o 25 de Abril com orgulho e como um dos momentos mais importantes do nosso país. Mas também com preocupação. A par da ameaça do regresso do fascismo, com a ascensão da extrema-direita, vemos as conquistas de Abril, filhas da Revolução, serem alvo de constantes ataques do sistema neoliberal, que apenas protege os interesses dos grupos financeiros. A geração mais qualificada de sempre tem o seu futuro hipotecado por sucessivas crises, vítima do sistema capitalista, injusto, desigual e viciado.

A educação continua marcada por programas escolares desatualizados e infraestruturas que não são capazes de acolher os estudantes com as melhores condições. O Ensino Superior, ainda que com progressiva acessibilidade, continua a restrito a quem tem capacidades económicas.

A habitação é hoje uma miragem para os jovens. As rendas transformaram-se na principal despesa de muitas famílias, incapazes de pagar valores superiores ao seu salário. Os jovens são obrigados a viver, cada vez até mais tarde, em casa dos pais por insuficiência económica.

O emprego é uma das maiores preocupações dos jovens. A luta por um trabalho estável e com direitos foi secundarizada – os jovens lutam hoje por um trabalho, mesmo que não tenha direitos, para conseguirem rendimentos para suportar despesas. Trabalhar para sobreviver, sendo cada vez mais difícil comportar o custo de vida. A precariedade, orgulho dos liberais e política preferida da direita, é vista como a única estabilidade laboral possível. Os sucessivos governos, desde o período da troika, mantêm a austeridade dentro da lei laboral – entendem que a proteção dos interesses económicos está acima dos direitos de quem trabalha.

Quanto aos serviços públicos, depois de um longo e intenso período pandémico, vemos no SNS uma das grandes referências destes serviços. Não fosse o Serviço Nacional de Saúde, o combate à pandemia teria sido desastroso. Infelizmente, o atual Governo continua a não tratar o SNS com o respeito que merece, condenando-o à falta de investimento, à falta de médicos e enfermeiros, à falta de infraestruturas que sirvam as populações.

Mesmo face a estes e tantos outros ataques ao legado de Abril, não podemos hesitar, nem recuar. Sabemos que já muito foi feito com o 25 de Abril, mas ainda há muito a fazer. Num momento em que os ataques à memória da Revolução se intensificam, devemos reafirmar o compromisso em continuar a estar na primeira linha, em defesa de Abril e das suas conquistas, sabendo o que representou, representa e representará sempre. Defender intransigentemente a liberdade, sabendo que a construção de um outro mundo é possível – é essa a nossa responsabilidade. Continuemos a luta!

25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!