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A ciência e o ensino superior na agenda do Bloco de Esquerda

 O Bloco de Esquerda promoveu mais uma ronda das Conversas de Café, sobre ensino superior e investigação, na Livraria Centésima Página, em Braga, com os candidatos às Eleições Legislativas, Francisco Louçã, Ana Afonso e  Micaela Gomes, e o mandatário, Manuel Sarmento.

A candidatura do Bloco de Esquerda por Braga convidou cientistas, investigadores e professores para um encontro sobre a ciência, que encheu o jardim da livraria Centésima Página. A conversa foi iniciada por Francisco Louçã, pelo professor universitário e mandatário da candidatura, Manuel Sarmento, e por duas candidatas (Ana Afonso, investigadora em astrofísica, e Micaela Gomes, doutoranda em engenharia têxtil). Estudantes e professores de várias áreas científicas participaram ativamente na discussão sobre o que deve ser uma estratégia nacional para a promoção do conhecimento.

Para Francisco Louçã esta questão é tanto mais importante quanto as universidades norte-americanas estão a ser atacadas por Trump – que definiu as escolas como o “inimigo”, o que prenuncia que a extrema direita vai continuar a insistir nessa ameaça - e em que, entre nós, a instabilidade profissional e o atraso nos prazos de concursos tem vindo a prejudicar o desenvolvimento de projetos científicos.
 
Portugal investe ainda pouco em ciência, o que foi criticado neste encontro do Bloco de Esquerda, dado que a disputa pelo futuro é a da qualificação, que promova salários adequados, e da acumulação do saber. Ora, a burocracia prejudica esse processo de aprendizagem e de investigação e as escolhas de sucessivos governos têm ignorado uma política científica ambiciosa e abrangente. Como dizia uma programadora de software, precisamos de todas as ciências e quem trabalha em computação quer que a literatura a ajude a perceber o mundo. Outros investigadores em ciências sociais e artes afirmaram querer perceber como será a inteligência artificial dos próximos anos. Todas as ciências têm que fazer parte desse mapa do futuro, concluíram. Nas próximas semanas, a candidatura do Bloco continuará a promover encontros sobre temas fundamentais, incluindo a educação e saúde, a guerra em Gaza ou a cultura.

 O professor e investigador de Educação, Manuel Sarmento, referiu a necessidade de produção científica sobre todas as esferas da sociedade, criticando quem quer estrangular o financiamento da história, sociologia e humanidades. O mandatário destacou que para combater as desigualdades sociais e económicas é preciso conhecer os mecanismos de poder e funcionamento das comunidades.

A investigadora em Astronomia Ana Afonso afirmou a importância da população conhecer os investimentos realizados na investigação científica e dos investigadores terem contratos estáveis. Apesar de ser da área STEM, reforçou que todas as áreas de conhecimento são importantes para a sociedade. "Enquanto estudo galáxias, preciso de artistas que as representem e jornalistas que as comuniquem", apontou.

Micaela Lopes, bolseira de investigação em Engenharia Têxtil, lamentou a instabilidade no financiamento dos centros de investigação, que muitas vezes impede a concretização atempada dos projetos de investigação.

Recorde-se que as Conversas de Café são iniciativas realizadas pelo Bloco de Esquerda no âmbito da campanha para as Eleições Legislativas, onde as pessoas são chamadas a conversar informalmente sobre os temas importantes para a sua vida.