
A dinamização cultural de uma cidade como Braga é uma condição de afirmação da identidade coletiva e do sentir e pulsar da cidade. Nesse sentido, o Bloco de Esquerda pretende contribuir para uma ação ampla e diversificada da oferta da cultural na que é considerada terceira cidade do País.
Somos conhecedores de que, à margem das dinâmicas oficiais no âmbito da oferta cultural, existe uma abertura e uma força cultural emergentes, visíveis em numerosas iniciativas que se realizam fora dos circuitos sob alçada da edilidade. Por outro lado, como é sabido, Braga possui o terceiro maior número de espetadores em espetáculos ao vivo, mas é apenas 8ª cidade em número de iniciativas culturais e a 35ª em número de espaços dedicados a iniciativas culturais. Braga é, também, como referimos no nosso programa autárquico, o concelho que menos despesas tem em cultura quando comparado com os vizinhos do quadrilátero urbano e outros municípios do Norte.
Entendemos que o esforço a prosseguir deve ser o de assumir os agentes culturais de Braga como os verdadeiros protagonistas, através de ações de implicação mútua nos projetos coletivos e da participação nas decisões.
Procuramos, nesse sentido, contribuir para o estabelecimento de relações pacificadas e cooperantes com as organizações culturais e cívicas do concelho, superando a cristalização da oferta cultural em atividades dispersas, efémeras e quase sempre acompanhadas de grande espavento.
Consideramos que um município deve promover o desenvolvimento de relações de equidade e transparência com os agentes e associações culturais, inclusivamente com apoios financeiros, de modo a garantir a sustentabilidade da sua ação.
Pensamos que deve ser dada abertura aos agentes culturais de modo a participarem na recuperação e na construção da agenda do Cineteatro São Geraldo, por exemplo; que devem ser criadas ‘residências’ artísticas, de ensaio, experimentação e troca de saberes em diversas áreas: cénica, audiovisual, musical, visual e literária e respetivos apoios aos criadores e produtores.
Defendemos também a recuperação dos espaços, como a Saboaria Confiança ou o Mercado Cultural do Carandá, entre outros espaços, como os centros comerciais de primeira geração. A cidade de Braga precisa urgentemente de locais para todos os agentes culturais, de zonas de exposição de média e de grande dimensão, de salas de espetáculos acessíveis aos artistas da região, de salas de cinema de rua, de salas de ensaios, de ateliês. Toda uma panóplia de equipamento que tem vindo ser recuperado nas cidades como forma de evitar a desertificação dos centros urbanos e até como forma de dinamização económica ao tornar a cidade atrativa do ponto de vista cultural.
Por todas estas razões, parece ao Bloco de Esquerda que a 5ª mostra de cinema documental Desobedoc chegue a Braga em 2018, na sua 5ª edição.
A mostra de cinema Desobedoc começou no Porto, cidade do cinema em Portugal, desde o início da era do cinema. Produtores, realizadores, salas de cinema lá viveram e experimentaram novos caminhos para o cinema português.
Esta dinâmica contribuiu para uma rebeldia desobediente que associou cinema e cidadania, quer durante a resistência à ditadura quer na criação de novos rumos após a Revolução dos Cravos.
O Desobedoc, como foi anunciado aquando da sua criação, retoma e celebra esse espírito rebelde e desobediente, e assume-se persistente, solidário, inconformado, crítico, problematizador, divergente, inclusivo, igualitário.
Nesta mostra de 2 dias de cinema documental, os filmes que aqui serão visionados, como se diz no site do evento, não são apenas retratos da sociedade, mas formas de imaginá-la e de pensá-la.
Assim, a partir de uma reflexão conjunta entre vários coletivos e associações de Braga, foram escolhidas para Braga as seguintes temáticas: Brasil, Maio 68, LGBT, minorias étnicas, migrações e trabalho.
Destacamos, desde já, o Desobedoquinho, a parte da mostra pensada para o público infanto-juvenil, com filmes para crianças dos 3 aos 12. Consideramos essencial para a promoção da literacia cinematográfica bem como para o desenvolvimento da cidadania contemplar o público mais jovem, quer na dimensão de espetadores e quer na de cidadãos. As sessões do Desobedoquinho acontecem no sábado de manhã, dia 5 de maio.
Sobre o programa destacamos que dos 15 filmes, 12 são portugueses, dois já são premiados (Intenso Agora e Revolução Industrial).
O programa inclui filmes que passaram em circuitos não comerciais no país, mas que aogra chegam a Braga, como Les Invisibles, ou o “O Intenso Agora”. Estão previstas as presenças de realizadores, tais como José Filipe Costa, SAMA, Saguenaul, Regina Guimarães, Daniel Leal Machado e Susana Sousa Dias.
Apresentamos um filme em antestreia, “Luz Obscura”, de Susana Sousa Dias. A realizadora vai estar presente. O filme versa sobre os presos políticos e a Revolução de Abril é, assim evocada também nesta 5ª edição do Desobedoc.
No último dia, às 18h passa a curta-metragem “Portugalito”, que serve de mote ao debate Cidade e Cultura, neste caso sobre Braga e o Cinema S. Geraldo.
Cada filme é comentado por mais do que uma pessoa sobre os temas abordados, uma vez que o objetivo do Desobedoc é, também, o suscitar o debate.