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Reunião Feminista

A intervenção na área da igualdade de género é um dos objetivos políticos do nosso programa distrital. Esta reunião feminista no Porto (que abrange Braga e Viseu), cujo texto convocatória se pode ler a seguir, pretende criar um grupo de intervenção feminista com massa crítica suficiente para ter dinâmica própria, desencadear iniciativas, elaborar tomadas de posição e intervir no movimento nos três distritos. Todas/os as/os interessados nesta problemática podem participar, sejam ou não aderentes do Bloco.

Convocatória: Crise agrava desigualdades de género em desfavor das mulheres

O agravamento da crise económica e social e as políticas de destruição de direitos no trabalho e do Estado social, levadas a cabo por este governo, têm vindo a aumentar as discriminações de género em Portugal para níveis preocupantes.

Denúncias sobre empresas que obrigam as trabalhadoras a assumir por escrito o compromisso de que não vão engravidar nos próximos cinco anos vêm a público ao mesmo tempo que o governo, hipocritamente, cria grupos de trabalho para a promoção da natalidade.

A feminização da pobreza, o aumento das desigualdades salariais entre homens e mulheres em prejuízo das mulheres, o aumento da precariedade do trabalho e do desemprego com maior incidência nas mulheres, o aumento da violência doméstica e o agravamento generalizado das condições de vida estão a atirar cada vez maior número de mulheres para situações de grande vulnerabilidade e de dependência. As situações de assédio sexual no trabalho continuam mergulhadas na invisibilidade, porque a precariedade impede as denúncias.

O trabalho doméstico, praticado em grande maioria por mulheres, continua mergulhado numa situação de enorme desvalorização social e remuneratória, sujeito a todas as arbitrariedades e discriminações.

As mulheres residentes nas regiões rurais do interior do país são duplamente discriminadas. Para além das desigualdades que afetam a generalidade das outras, estas são ainda vítimas de isolamento e de pressões sociais que as oprimem e as conduzem a situações de solidão por vezes extrema. A inexistência de redes de transportes públicos, o encerramento dos serviços públicos e carência de equipamentos sociais, culturais e desportivos nestas regiões condenam as mulheres que aí vivem a uma vida privada de liberdade ou a sair da terra à procura de melhores oportunidades noutros países. As mulheres idosas para além das vidas de solidão sofrem violências difíceis de denunciar porque são marcadas pelos laços de família.

O emagrecimento do Estado social, a individualização e a precarização das relações laborais e o risco de privatização da provisão das funções sociais são pois as principais causas do aumento das desigualdades de género e o Bloco de Esquerda deverá estar particularmente atento a este problema.

Consideramos que a criação de um grupo de trabalho do BE para a promoção de um feminismo de esquerda assente nos problemas reais das mulheres poderá dar um bom contributo para a reflexão, para propostas políticas concretas e para fortalecer a intervenção nos movimentos sociais em que muitas e muitos de nós participam.

O Bloco de Esquerda tem sido um partido pioneiro nas lutas feministas. Lembremos as lutas pela despenalização do aborto ou pela paridade. São conquistas políticas que não se podem esquecer nem perder.

Assim, convidamos todas as pessoas, mulheres e homens, que se sintam especialmente motivados/as para esta luta, aderentes e simpatizantes do Bloco, para participar numa reunião a realizar no próximo dia 28 de Junho, pelas 17h00 horas, no Porto, na sede distrital do Bloco (Rua Álvares Cabral, 77, R/C).

Subscrevem

Ana Paula Canotilho – Porto
Barbara Veiga - Porto
Carmo Bica – Viseu
Clara Alexandre – Viseu
Liliana Rodrigues – Braga
Manuela Tavares - Viseu
Maria da Graça Marques Pinto – Viseu
Maria Manuela Antunes – Viseu
Sílvia Carreira - Porto