Na sessão da Assembleia Municipal de Braga de sexta-feira, 15 de julho, o Bloco de Esquerda votou contra o reconhecimento de Interesse Público Estratégico, apresentado pelo executivo municipal, para a construção de um centro de armazenagem e logística da empresa Imofertor - Torrestir, com 32 boxes para cargas e descargas de camiões e 30 lugares de estacionamento, numa zona rodeada por dezenas de moradias, onde residem centenas de pessoas na freguesia de Vilaça.
Os deputados municipais do Bloco de Esquerda entendem que “o projeto põe em causa a qualidade de vida dos moradores de Vilaça e das freguesias circundantes, e consideram que os valores ambientais e paisagísticos daquele território serão fragilizados”.
“É inegável que a circulação diária de dezenas de camiões numa freguesia rural causará enormes transtornos para quem ali vive, pois irá poluir o ar e provocar elevados níveis de ruído, de noite e de dia”, apontam os bloquistas.
Acrescentam que “a construção de um pavilhão de grandes dimensões, com zona de estacionamento para dezenas de camiões, num terreno de 24 mil metros quadrados, irá impermeabilizar uma extensa área verde, aumentando o risco de cheias quando se der precipitação forte, uma situação que já acontece quando a linha de água que passa nas imediações transborda sempre que a chuva é intensa”.
“O que o executivo municipal faz com este reconhecimento de Interesse Público Estratégico é facilitar o negócio e dar carta branca à empresa, fazendo com que ela não seja obrigada a apresentar uma Avaliação Ambiental Estratégica, ou seja, para que não tenha de apresentar um estudo aprofundado que permitiria perceber em detalhe todos os impactes do projeto”.
Lembram ainda que “o uso dominante onde o projeto está implantado está classificado no PDM como espaço verde” e que no relatório do projeto a própria empresa Torrestir refere que “a proposta não se encontra em conformidade com as categorias de solo previstas no PDM de Braga” e “a capacidade máxima construtiva é ultrapassada”.
Os deputados dizem que “estas restrições seriam suficientes para inviabilizar a construção naquele espaço verde rural rodeado por habitações, se o executivo municipal assim o entendesse, mas as restrições podem ser ultrapassadas se a Câmara reconhecer que o projeto não coloca em causa as características físicas e funcionais do território. E foi isso mesmo o que a Câmara fez”.
Os bloquistas reconhecem “a importância da criação de emprego no concelho, mas não pode valer tudo, porque o ordenamento do território, os valores ambientais e a qualidade de vida das pessoas está acima de qualquer interesse privado”.