
Realizou-se no passado sábado as eleições para a Comissão Coordenadora Distrital do Bloco de Esquerda de Braga. A votos só esteve uma lista (BLOCO coeso na diversidade, ESQUERDA pronta para as lutas), que obteve 87,5% dos votos dos aderentes do distrito de Braga.
BLOCO coeso na diversidade, ESQUERDA pronta para as lutas
A extrema-direita adapta o radicalismo neoliberal na economia à agressividade racista e xenófoba, para criar mecanismos de produção de consenso social em torno de um programa de favorecimento de uma elite económica parasita e agressiva. O ressentimento político que ela mobiliza é o subproduto de Estados que falham na proteção social e laboral, na garantia de saúde e educação, e em mínimos de redistribuição de riqueza.
Nos EUA, o novo mandato de Trump antecipa-se pelo extremar das posições negacionistas da ciência e das alterações climáticas, defensoras do extrativismo fóssil e do choque fiscal a favor dos mais ricos. À esquerda, sabemos que as principais medidas de combate às alterações climáticas são incompatíveis com o modelo e os objetivos de acumulação capitalista e que o negacionismo da extrema-direita e a hipocrisia liberal concorrem para manter o status quo, que é o desastre da civilização.
Agrava-se a agressão sobre o médio oriente, sobretudo através do financiamento e apoio incondicional ao governo israelita, dado pelo governo de Joe Biden. A União Europeia segue acriticamente a sua política, promovendo a corrida armamentista, aumentando a despesa militar e prometendo enviar jovens europeus para morrerem numa guerra que não quer parar.
Os escombros de Gaza sepultam hoje toda a credibilidade global do direito internacional e dos tratados saídos da segunda guerra mundial. No entanto, emerge à escala global uma nova geração de ativistas que recusam o imperialismo e o neocolonialismo do ocidente e se mobilizam. Assim foi na Universidade do Minho, onde estudantes ocuparam durante semanas as instalações da universidade, tendo conseguido, com isso, uma declaração do Conselho Geral a condenar a agressão israelita em Gaza. Estivemos presentes nessa ocupação e prestamos a nossa solidariedade com estes estudantes, tal como temos estado presentes nas vigílias semanais contra o genocídio, no centro de Braga.
Em Portugal, o governo prepara uma reforma laboral que é uma cascata de retrocessos, que facilita ainda mais a precariedade e que substitui aumentos salariais por prémios, atacando a natureza pública da Segurança Social. A indústria mantém-se uma fonte incontornável de emprego no nosso distrito, por isso priorizamos a luta dos trabalhadores na nossa ação diária, procurando organizar resistência ao projeto neoliberal do PSD e CDS. Os baixos salários continuam a ser a regra na indústria, especialmente no têxtil e, perante a crise, com a ameaça do aumento do desemprego, as autarquias devem criar mecanismos de salvaguarda social.
Não esquecemos as dificuldades que enfrentamos: como construir uma unidade de classe perante a crescente heterogeneidade do trabalho? Como revitalizar sindicatos e organizações sociais? Como responder à emergência de novas tecnologias? Como organizar o crescente número de trabalhadores migrantes?
Num dos mais jovens distritos do país, é urgente rejeitar políticas velhas e apontar caminhos para um futuro de vida boa para todos. A crescente promoção e integração da Inteligência Artificial tem de ser regulada para garantir uma utilização ética, simplificar a interação entre o cidadão e o estado e, na economia, disponibilizar mais tempo e recursos para quem trabalha. Conhecimento e inovação coletivamente partilhados promovem a economia e um desenvolvimento socialmente justo, permitindo estancar a emigração dos nossos jovens e acolher com dignidade e direitos os imigrantes que nos procuram.
O Bloco vai empenhar-se, nos próximos meses, na campanha “Mais vida e saúde para quem trabalha por turnos” da qual queremos ser um dos pontos nevrálgicos.
Conhecemos os malefícios da laboração contínua e do impacto que o trabalho por turnos tem na vida do trabalhador e estaremos por isso empenhados em percorrer o distrito com esta campanha.
Para além da organização no terreno, continuaremos: a defender que os concelhos definam uma Estratégia Local de Habitação com aumento substancial de habitação pública e habitação a custos controlados; a apostar na ferrovia com ligação circular entre o quadrilátero urbano e nos transportes coletivos públicos; a lutar pela gestão pública de todos os hospitais do distrito, particularmente o de Braga, e pela construção de um novo hospital em Barcelos; a defender a reversão da privatização da água; a pugnar pela gestão pública das cantinas escolares; a defender a proteção efetiva do PN Peneda Gerês e a despoluição das bacias hidrográficas do Ave e Cávado; a promover políticas de prevenção das consequências das alterações climáticas, economia verde e de proximidade, e qualidade de vida; a defender uma regionalização séria, que aproxime a população da política e da democracia; a propor a mitigação das assimetrias distritais com políticas de investimento que permitam maior equidade e justiça social.
Nas próximas eleições autárquicas, daremos prioridade à criação de alianças sociais em projetos locais de transformação política à esquerda, que sejam alternativa à governação autárquica de PS e PSD. Por isso, iniciamos conversações com o PCP, o PAN e o Livre, ainda que a nossa iniciativa unitária não tenha, até à data, resultado em soluções. O Bloco deve, por seu turno, apostar na criação de estruturas concelhias (Comissões Coordenadoras e/ou Núcleos) capazes de dinamizar o partido no maior número de concelhos do distrito e desenvolver bases para apresentar candidaturas
autárquicas.
Para além do calendário eleitoral, queremos, acima de tudo, trazer o partido para a rua, construir movimento pelo direito à habitação, contra o genocídio ou pelo fim ao fóssil, dinamizar encontros de jovens em torno das suas lutas, criar um grupo de +60 no distrito, entre muitas outras tarefas urgentes.
A social-democracia rendida deu as mãos ao neoliberalismo e, juntos, destruíram as bases do anterior contrato social. O combate pela democracia e pela liberdade é o combate por um novo contrato social, que estabeleça a igualdade, a vida boa e o ambiente como princípios organizadores da economia e da sociedade. E esse é um combate que se faz na rua, dando voz a uma esperança coletiva que supera o ressentimento, criando comunidade e organização que vençam o individualismo e o egoísmo.
Lista eleita:
Efetivas e efetivos:
1- Ricardo Jorge da Silva Cerqueira, 9804, Vila Verde
2- Maria Norberta de Abreu Ferreira Grilo, 14911, Braga
3- Miguel Afonso Neves Gonçalves da Silva Martins, 13852, Barcelos
4- Manuela Cândida Airosa da Silva Gonçalves, 12215, Braga
5- Bruno Maia, 2774, Braga
6- Teresa Alexandra Carvalho Amorim, 14320, Braga
7- José Maria Barbosa Cardoso, 1308, Barcelos
8- Francisca Sousa, 17351, Guimarães
9- Marco Filipe Vieira Gomes, 14803, Cabeceiras de Basto
10- Joana Neiva, 16734, Barcelos
11- Camilo Ferreira, 12119, Braga
12- Micaela Gomes, 15786, Vila Verde
13- Miguel Roque, 13646, Famalicão
14- Sandra Cristina Andrade Carvalho, 5074, Braga
15- Alexandre Mano, 8111, Braga
16- Chaima Bradi, 17350, Braga
17- Manuel Gomes Cardoso Gonçalves Pereira, 16543, Esposende
Suplentes:
1- Pedro Ferreira, 11888, Braga
2- Soraia Castro, 17695, Cabeceiras de Basto
3- Nuno Vale, 16648, Vizela
4- Vanessa Brandão, 16926, Braga
5- Manuel Lemos, 15859, Guimarães
6- Beatriz Coelho, 17410, Braga
7- Renato Silva, 7122, Braga