Teve lugar hoje, 5ª feira, pelas 10:30 h, em Braga, uma concentração/marcha de agricultores/as convocada pela CNA, sob o lema "Por outra política agrícola, preços justos à produção" que coincidiu com a abertura da AGRO 2015.
Nos últimos cinco anos encerraram 40800 explorações agrícolas, o número de produtores singulares diminuiu 15% e a área de terras aráveis decresceu 6,2% (dados do INE/2013). Ao longo de 2014 a população ativa no setor diminuiu 14,1%, menos 64 mil pessoas em apenas um ano. O mais recente Inquérito ao Emprego do INE, relativo ao 4º trimestre de 2014, indica o agravamento desta situação de perda de emprego no setor.
Contrariando a propaganda do Ministério da Agricultura, fica claro que há duas realidades diversas na agricultura portuguesa. A prioritariamente apoiada pelo Governo e pela PAC, o agronegócio com explorações intensivas em capital, que concentram grande parte da SAU e que obtém resultados económicos acima da média, e, do outro lado, milhares de pequenas e muito pequenas explorações sujeitas a um brutal esmagamento dos preços na produção, com grande dificuldade de acesso a capital (incluindo apoios da PAC) para investimento decisivo na modernização, rejuvenescimento e organização, com consequências ao nível dos resultados económicos e na capacidade de sobrevivência dessas explorações.
O Bloco considera que este tecido produtivo da agricultura familiar é da maior importância económica, social e ambiental. Deixar morrer lentamente esta agricultura, que produz cerca de metade dos alimentos que consumimos, constitui um grave erro em que o Governo parece querer persistir, conforme evidencia o novo PDR 2020.
Forte preocupação tem manifestado o BE, igualmente, acerca da alteração da Lei dos Baldios, que permite a privatização daqueles terrenos comunitários. Em conjunto com PCP e PEV, o Bloco apresentou no Tribunal Constitucional um pedido de verificação da constitucionalidade das alterações introduzidas à lei pelo PSD/CDS.
Em defesa da agricultura familiar e da propriedade comunitária dos baldios, o Bloco de Esquerda solidarizou-se com a iniciativa da CNA e fez-se representar na concentração/manifestação pelo dirigente nacional Pedro Soares à frente da delegação bloquista.